sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Dívidas, Penhora e Auditoria II


A penhora ordenada pela Justiça Federal de R$ 1,2 milhão que o Fluminense teria a receber em direitos de transmissão, referente ao não pagamento de Imposto de Renda e retenção irregular do INSS de funcionários, ocorrida durante o período de 2007 a 2010, e cuja dívida total relativa a esta questão atualmente ultrapassa o valor de R$ 20 milhões, demonstra e comprova de forma inequívoca a necessidade da realização de auditoria profunda (financeira, contábil e documental) do período relativo ao mandato anterior, que deveria ter ocorrido durante o primeiro ano da atual gestão.

Sabemos que, além desta dívida, muitas outras foram identificadas e que desde o início da atual gestão vem sendo realizado um grande esforço para equacionar o gigantesco passivo do clube. Neste sentido, importante passo já foi dado ao conseguirmos retornar ao Ato Trabalhista.  Não obstante, não é admissível, após 20 meses da atual gestão ter assumido o comando do clube, que se alegue surpresa pela ação de penhora.

No princípio desta gestão (primeiros 03/04 meses) foi feita a opção de não dar prioridade à realização de uma auditoria abrangente e, consequentemente, não priorizar uma ação que permitiria prever, conhecer e dimensionar a gravidade da situação. Se tal surpresa se apresenta atualmente, infelizmente, deve-se à leniência e foco gerencial equivocado da atual gestão sobre este aspecto. O seu conhecimento prévio permitiria elencar - antecipadamente - diversas opções de decisões, evitando a urgência da presente situação, que hoje cobra um alto e pesado preço por esta equivocada decisão.

A realização de auditoria permanente, realizada de forma independente e com resultado amplamente divulgado, faz parte da carta de princípios da Associação Nacional Tricolor de Coração (TC) desde sua idealização, e foi recomendada vigorosa e formalmente  pela TC nas primeiras reuniões do Conselho Deliberativo atual, em especial naquela em que a TC apresentou e propôs, em tribuna, a recomendação de veto às contas da gestão Roberto Horcades (moção aprovada por 121 votos a 12).

Cabe registrar que a reprovação das contas da gestão anterior não se tratou de um ato político, mas uma decisão tecnicamente embasada, após análise dos números e contas apresentados, em claro desacordo com as boas práticas de gestão, seja financeira, contábil ou gerencial. 

Infelizmente, a administração atual do Fluminense incorreu em erro de julgamento, que não se esperaria ser cometido por uma administração que vem se mostrando ser séria e profissional: acreditar e encarar que realizar a auditoria poderia ser interpretado como ação de caráter punitivo ou vingança contra administrações passadas! 

O entendimento de que uma auditoria pudesse significar revanchismo, acarretou que não tenha sido dada a devida prioridade ao assunto quando, na verdade, a auditoria se trata de uma poderosa ferramenta auxiliar de gestão que permite estabelecer um quadro detalhado da situação no momento em que é realizada, indicar os principais erros a serem corrigidos, e - fundamentalmente - propiciar desenvolver e implantar melhores práticas de gestão.

A Auditoria, em si, não se trata de ação punitiva mas de necessidade primária para uma boa gestão, que tem valor diretamente proporcional à sua profundidade e seriedade, não devendo se confundir punição com o escopo financeiro, contábil ou gerencial, que devem ser a preocupação da gestão. 

A identificação da ocorrência de prática de atos prejudiciais à instituição, não sendo relevante se foram causados somente por culpa ou se havia dolo, com o deliberado propósito de praticar ações irregulares, poderá ensejar, a critério do atual administrador, medidas reparadoras ou, dependendo do âmbito e da sua gravidade, ação de âmbito legal, jurídico ou policial.

Agora, esperamos uma solução criativa que resolva o problema a tempo, de forma a que minimizemos os graves e sérios impactos na gestão, que cumpre registrar novamente, vem sendo conduzida com o significativo profissionalismo que leva ao sucesso. 

Na oportunidade, a TC se coloca, como o fez desde o início da atual gestão, à disposição para colaborar e apoiar as ações da atual gestão em prol do estabelecimento do equilíbrio financeiro e contábil do Fluminense.

2 comentários:

  1. O post traduz com excelência o que deveria ter sido a prioridade número 1 da atual gestão do Fluminense. Teríamos evitados muitos problemas como o apontado acima, caso a auditoria tivesse sido realizada na primeira hora da gestão. E estaríamos mais bem preparados para os desafios que ainda estão por vir. A Tricolor de Coração avisou, alertou, pediu isso etc desde muito antes da eleição de 2010. E quem avisa, amigo é ...

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  2. Uma posicao correta, clara e coerente daqueles que realmente querem o melhor para o Fluminense, vamos torcer que a diretoria resolva mais este problema, ja que pelo cronologico tais fatos foram anteriores a gestao atual, sorte meu amado tricolor....

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