sexta-feira, 28 de março de 2014

O Planejamento Financeiro de 2014

Segue abaixo o texto preparado para a reunião. Ele não foi lido na integra, na verdade, foi realizado um apanhado dos pontos "técnicos" e não abordamos nada com relação ao Estatuto, por já ter sido discutido antes e preferimos nos concentrar nos dados apresentados.

O conselho Fiscal apresentou seu parecer, com a ressalva da questão das PJs, favorável. Na tribuna dissemos que entendíamos que este parecer deveria nos ter sido encaminhado junto com o resto da documentação.

Também criticamos que o material apresentado não permitisse compreender as informações que estavam sendo passadas naquela reunião, pois deveria ter consistência para que fosse possível fazer toda a análise. Se necessário, que apresentasse notas explicativas.

O VP finanças informou que receitas foram omitidas porque havia penhora na fonte para pagamentos e assim não foram declaradas. Contestamos firmemente esta situação e dissemos que todas as receitas deveriam ser informadas, assim como as despesas.

Apresentamos nossas considerações em cima da comparação entre os resultados de exercícios anteriores e o orçamento proposto, mas isso foi considerado pelo VP e pelo Pres. do CFis como quase uma heresia. Afinal, um planejamento é uma estimativa, pode variar.

Bem, trabalhamos com análise financeira, e nossa metodologia consiste em analisar o retrospecto dos últimos 3 anos para poder fazer uma projeção para os anos seguintes. No nosso entendimento, é impossível trabalhar sem conhecer o comportamento da empresa ao longo do tempo e, se for o caso, receber informações relevantes que reflitam no cenário daí para a frente.

De forma geral, o planejamento foi tratado como um exercício de futurologia, que é apenas uma noção inicial que pode ser alterada ao longo do tempo, sem muito compromisso com a realidade. Este, inclusive, foi o argumento para aceitar que fosse apresentada uma estimativa de déficit de 60 milhões. Segundo o pres. do CFis, isso refletia a realidade do clube, de que precisava arranjar 60 milhões.

Terminamos nossa fala dizendo que era IMPOSSÍVEL aprovar um orçamento feito desta forma, apontando um déficit de 60 milhões e omitindo receitas. Seria mais aceitável, se fosse o caso, não apresentar nada e pedir um voto de confiança, assinar um cheque em branco, porque esse orçamento era pior do que um cheque em branco.


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Esclarecemos que, sendo a TC um grupo político do Fluminense, todos os seus atos são Políticos, mas a TC não se propõe a fazer politicagem. A posição ali apresentada está calcada, em primeiro lugar, nos critérios técnicos que foram considerados na análise das informações e, em segundo lugar, na legalidade do ato, representada no respeito ao Estatuto. Garantindo, assim, que o devido processo tenha sido respeitado.
Em análise ao Estatuto, ressaltamos os seguintes pontos:
O art. 28 fala na necessidade do Conselho Fiscal apresentar seu parecer sobre o orçamento. Não identificamos este documento entre o material encaminhado pelo Presidente do Conselho Deliberativo.
Além disso, considerando que a proposta apresentada excede as dotações orçamentárias em 36%, entendemos ser necessário além do pronunciamento do Conselho Fiscal, o parecer de uma comissão de 5 conselheiros, nomeada pelo Pres. do CDel.conforme dispõe o Estatuto no Art. 129.
Não me consta que este parecer e esta comissão tenham sido formados.
Se, por um acaso, a intenção do CDir e do Presidente do CDel for apresentar tanto o parecer do Conselho Fiscal quanto o parecer da comissão no dia da reunião, é evidente que não é possível apreciar estes documentos na hora.
Sendo assim, só estes dois pontos me parecem suficientes para colocar questão de ordem quanto à impossibilidade de prosseguir na deliberação sobre a aprovação do orçamento em pauta.
- A receita informada na aba "demonstrativo orçamentário" é de 99 M, na aba "fluxo de caixa mensal" é de apenas 61 M, uma diferença de 38 M.
O saldo bancário inicial, de janeiro é negativo em R$ 4 mil.
- De acordo com os valores apresentados, o saldo final do mês de janeiro é negativo em R$ 10,76 M
- No arquivo encaminhado o saldo seria R$3, 65 M POSITIVO.
Em sendo uma demonstração financeira, todos os dados deveriam estar ali presentes e ser suficientes para fechar a conta.
- No Resumo e no Demonstrativo apresentados, o resultado ao final de 2014 seria negativo em R$36 milhões.
- No Fluxo de Caixa Mensal, o saldo final é negativo em R$45 milhões
- De acordo com nossa análise das informações apresentadas o saldo ficou negativo em R$60 milhões
De acordo com as informações divulgadas pela imprensa sobre o valor dos contratos do Fluminense, a maior parte da receita dos contratos com a Globo e com a UNIMED não está informada. Há uma omissão nestes dois contratos de cerca de 60 milhões de Reais, além disso, uns 5 milhões da Adidas e ainda outras omissões como no Marketing e no patrocínio dos esportes olímpicos, chegando entre 65 e 70 milhões que simplesmente não estão sendo apresentados neste planejamento. é cerca de 100% do valor previsto.
1)      O valor previsto de direitos de imagem no FLUXO DE CAIXA MENSAL é de 13,8 M. O valor do contrato entre o Fluminense e a Rede Globo, noticiado amplamente, gira em torno de 54 M. só aí há uma diferença de R$40 M.
2)      No demonstrativo de 2013, aparece na rubrica "Publicidade e Patrocínio" o valor de R$20.860 mil, que em 2012 era de R$11.515 mil. Em 2014, se somarmos o "Aporte UNIMED" + Patrocínio Esportes Olímpicos + Contrato Adidas, a soma é de R$1.360 mil. (935 mil relativos à UNIMED e cerca de 330 mil da Adidas).
3)      O valor do Contrato com a UNIMED tem que ser informado, é desse valor que se paga o salário dos jogadores. - O aporte UNIMED informado é de apenas 940 mil no ANO. Sabemos que a UNIMED faz aportes voluntários no time, mas é preciso, ao menos, esclarecer qual o valor do contrato com o clube.
4)      O patrocínio da Adidas aparece com apenas 330 mil /ANO. Mesmo que boa parte do patrocínio ocorra com o fornecimento de material esportivo, é certo que o valor em dinheiro é maior que o informado.
5)      A previsão de arrecadação em Marketing e Royalties é de 1,3 M/ano. Esse valor é menor que o de 2013 (2 M) e de 2012 (1,6M). Recentemente foi noticiada a contratação de um Diretor de Marketing e um Diretor Comercial. Segundo informações que circulam no clube, só com o pagamento dos dois profissionais, o custo anual (considerando ser via PJ) seria de 700 mil. Não é razoável considerar que o clube esteja prevendo uma redução na arrecadação, ainda por cima com a contratação remunerada de profissionais.
Seria um artifício do clube para que este dinheiro não seja penhorado pela Receita?
Como tricolores, podemos entender o desejo de nos livrar da penhora, mas essa situação pode se reverter prejudicialmente ao clube se a Receita perceber a manobra.
Na parte de DESPESAS, na rubrica “Acordos Trabalhistas/ Cíveis/ Fiscais”, a previsão é de 17 M para 2014, ALÉM dos valores de pagamento do Ato Trabalhista e de TIMEMANIA, que somam 9,5 M. 
Se o objetivo do parcelamento é equalizar a dívida e desasfixiar o clube para que possa pagá-la, também carece de maiores informações essa diferença. Cabe aí voltar a questionar qual a real situação da adesão à TIMEMANIA e ao Ato Trabalhista.
De acordo com o planejamento apresentado, serão 2,3 MILHÕES para "Escritórios Advocatícios Terceirizados". 5,5 MILHÕES para PJs.
Será que estes custos devem ser atrelados ao clube social? 
Só de salários + encargos + benefícios são 36 milhões /ano. Embora não detalhado, entendemos que aí deve estar o salário que o clube paga no depto de futebol. É possível estimar haver neste Depto, 30 profissionais ganhando o teto do que o clube diz pagar, cerca de 50 mil/ mês, o que totaliza 1,5 milhão/mês ou 19,5 milhões /ano (13 salários) mais encargos.
Em suma, analisando os próprios valores apresentados, não há correlação entre o que informa o "demonstrativo orçamentário" e o que informa o "fluxo de caixa mensal".
Somos a favor da separação contábil entre os três eixos. É preciso que cada um busque ser autosustentável. Porém, para tomar qualquer decisão, é necessária uma auditoria séria, independente, que aponte a situação de arrecadação e de despesas. Não achamos que seja inviável transformar o clube social sustentável. Pode ser necessário cortar em despesas excessivas, mas quais são, realmente? Há exemplos de clubes que funcionam e se sustentam, com menos atrativos que o nossa sede. Será necessário aumentar mensalidade do sócio? O valor da escolinha? Acabar com atividades, substituir arrendatários? Como tomar uma decisão sem a real noção do que acontece?
O planejamento apresentado coloca todo o custo administrativo no social. Quantos funcionários com salários fora do mercado, ou com atividades que não são necessárias existem no clube? O jurídico também está atrelado ao clube social.